A primeira vez
que entrei em um cinema foi para assistir ao filme E.T. - o Extraterrestre, de
Steven Spielberg. Provavelmente, tinha uns seis anos de idade. Lembro-me muito
bem de estar sentado ao lado esquerdo do meu pai em uma das primeiras filas do
Cine Glória.
Para aquela
criança, naquele instante, em uma tela dantesca, o mundo ia além de Poções.
Estava com os olhos encantados ao ver uma imensidão branca a minha frente transformar-se
em um grande buraco negro, por onde aos poucos a luminosidade das palavras
anunciava o início do filme.
A memória que tenho daquele dia era ao mesmo
tempo de medo e de uma imensa curiosidade, sentimentos que apoderavam-se de mim. Realmente,
não recordo-me de muitas cenas, tampouco de ter visto o E.T.
propriamente. Mas, uma cena nunca saiu da minha cabeça - quando Eliott (Henry
Thomas) vai até a floresta e joga alguns amendoins no chão para ver se o E.T.
aparece. De repente um senhor surge e faz com que Eliott se esconda. Fiquei
apreensivo, na expectativa de que o E.T. fosse matá-lo ou então que aquele
senhor, sem importância no filme, fosse um grande vilão.
Ficava
perguntando ao meu pai – Ele (E.T.) aparece agora? Meu coração disparava ao
perceber que a qualquer momento surgiria na tela aquela figura monstruosa que
minha imaginação dava conta de construir. Não sei em qual momento do filme parei
de perguntar se era a hora de o E.T. aparecer.
Mais tarde,
nos especiais de fim de ano da Rede Globo, eu acho que em 1989, a atração principal
era E.T. - o Extraterrestre. O filme ia começar às 10 da noite. Então, antes da
ceia de natal, meus irmãos, uns dois amigos e eu nos amontoamos no quarto da
minha avó para assistir ao filme inédito na televisão. Não resistimos ao sono. A
cena em que Eliott joga amendoim na floresta só a vi novamente anos depois. Verdade
seja dita, era um tanto diferente do que a minha imaginação guardou, assim como
todo o filme.
Porém, não sabia
e nem tinha noção que naquele dia em que fui ao Cine Glória pela primeira vez,
em volta aos sentimentos de medo e curiosidade, provavelmente também surgia em
mim o gosto pelo cinema.
Hoje, mais de 20
anos depois, pego-me transcrevendo minha memória com muitas lacunas sobre aquele dia,
fazendo meus próprios enquadramentos em uma lembrança que não era apenas sobre
um filme que poucas cenas veem à memória, mas do meu pai me levando ao cinema,
ao saudoso Cine Glória.
Texto: Fábio Agra
Foto do Cine Glória: Autor desconhecido
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Aproveitando o
ensejo da novidade que Lulu Sangiovanni nos apresentou recentemente - uma página
no Facebook com o título Velhas
Fotografias de Poções – publico este texto após ver uma foto do antigo Cine
Glória de Poções e ficar saudosista com tantas outras fotografias que estão
aparecendo na página. A foto que consta nesta publicação foi retirada da página Velhas
Fotografias de Poções. Ela foi postada por José Olavo Lago. Visitem a página e colaborem com mais fotos.
Fiz umas contas aqui: se tu tinha 6 anos quando foi ao cinema pela primeira vez, como tem só 20 anos deste acontecimento? Tu ta escondendo a idade!!!!! kkkk.
ResponderExcluirNão me recordo a primeira vez que fui ao cinema (e no meu caso só frequentei o Cine Glória mesmo, já que [é meio embaraçoso dizer isso] jamais fui à outra sala). Porém, uma ocasião especial me marcou neste ambiente de sonhos.
Era um domingo pela manhã (matinê) e o filme estava bombando na boca do povo. Devo ter enchido o saco de minha mãe para ir vê-lo, já que na escola só se falava dele. Minha mãe, que não é entusiasta do estilo de filme se recorreu a nosso visinho Pedro Sérgio, que se incumbiu da tarefa de me levar ao cinema.
Por minhas lembranças, a seção se concretizou por volta das dez da manhã, já que nós descemos via centro às 9:30h e rememoro que o povo de fé estava saindo da primeira missa do domingo.
Ao passar em frente ao (antigo) Superlar pude ver duas gigantescas filas, uma de compra de ingressos e outra de entrada. Nada que me preocupasse, pois o que estava em jogo era toda uma semana de “crônicas e críticas” ao espetáculo cinematográfico e eu não poderia ficar de fora da parada.
Cenas do filme, me lembro de muitas. Mas, recordo também que lá encontrei meus amigos de infância Hugo e Júnior que, assim como eu, estavam “trajados” com suas botas.
Em determinada cena, o “artista” principal ao subir em uma escada explicitou em um close muito breve a bota dele. Eu e meus dois comparsas, que estávamos sentados na primeira fila (algo horrível para o pescoço no dia posterior, mas valia tudo para ver o filme mais de perto), quase nos levantamos do assento (a vontade era entrar no filme) para ver a cor de referido calçado. A minha bota era da cor verde sumo, a de Hugo, marrom e a de Júnior, azul escuro e, como o personagem não era moderno ao ponto de usar um pé da bota de uma cor e o outro pé de outra, logo entramos em uma discussão digna do Senado Romano, a respeito de qual das nossas três botas era da mesma cor do que a do personagem. Todavia, as fantásticas cenas de ação logo nos afastaram de tal embate.
Ao final do espetáculo, mesmo com o estômago pedindo passagem à cozinha, pois o meio dia já se tinha passado, só pensava em contar tudo e para todos as cenas incríveis e inimagináveis daquele filme. Queria mesmo era passar minha impressão sobre o mesmo: se você der uma faca, um arco e algumas flechas para Rambo ele domina o mundo!
Wagner Ferreira de Almeida (Binho).
Binho, eu disse mais de 20 anos depois rsrsrsrsrsr. Pode ser 21, 25 ou 29 rsrsrsrsr. Só não disse com exatidão. Bela lembrança a sua também. Eu também nunca frequentei tantos cinemas, somente o CineGlória e o Cine Madrigal de Conquista. Não fui aos cinemas de shoppings ainda. Nada contra. Mas, o certo é que nunca mais adentrei uma sala de cinema como as antigas. Abraço
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